Eu não estava com muita vontade de ir à festa que Steven havia me convidado. Em outros tempos seria fora de cogitação, eu preferiria ficar em casa e descansar. Mas existia uma motivação que me fazia cair na dúvida cruel: Daniela iria ou não?
_Fátima?_chamei-a atenção, enquanto a via dar mamadeira para Angélica._ Hoje você vai ficar por aqui? Eu tenho uma festa para ir...
_Posso ficar sim._ ela não se incomodou com a idéia.
_Você sabe se..._ procurei palavras, mas não consegui ser menos objetivo: _ a Daniela vai sair hoje? Porque ela também foi convidada para...
_Você quer saber se ela vai à festa, ou se ela vai com alguém?
_Com quem ela iria?_ franzi a testa e logo me lembrei do tal amigo que chegara a pouco no Brasil.
_Ricardo, eu não sei._ Fátima levantou do sofá e foi levar Angélica para dormir.
Estava querendo restringir-me às informações, deixando claro que não me perdoava por nossa separação.
Na última hora, dei um pulo do sofá e decidi que iria.
Dei a chave para que estacionassem meu carro e subi as escadas do hotel de luxo, onde estava sendo dada a festa. Conferiram meu nome na lista e eu andei pelo salão com as mãos no bolso. Não conhecia ninguém e provavelmente Dani também não, será que isso seria um motivo para ela ficar em casa?
_Ela vem?_ ouvi uma pancadinha no meu braço. Olhei para o lado e logo reconheci pelo inglês Steven. Estava segurando seu copo de bebida, espremido dentro do terno, com sua grande barriga redonda. O pescoço curto parecia sufocado pelo colarinho envolto com uma gravata borboleta. Sua careca molhada de suor ele limpou com um lenço.
_Como está?_ cumprimentei-o e sorri. Peguei um copo de bebida na bandeja do garçom que passou por mim.
_Eu pedi para ela me ajudar aqui com alguma tradução. Mas sabe que não é bem para isso..._ ele falou rápido demais e não pude entendê-lo perfeitamente. Ele chamara Daniela para quê?
_Você está ansioso..._ comentei.
_Amigo, eu não jogo para perder..._ Ele deu uma risada alta e eu saquei tudo por ali, não precisava de tradução, o faro para a concorrência no nosso território é algo que está no instinto animal do homem._ Olha ela ali..._ ele apontou com o dedo indicador da mão que segurava o copo.
Virei-me e meus olhos se encontraram com os de Daniela. Ela estava linda, com um vestido azul piscina combinando com seus olhos. O cabelo quer era liso estava cacheado àquela noite, caindo pelos ombros nus e a boca de um vermelho cereja que me fez sentir o coração disparar.
Steven adiantou-se para cumprimentá-la e eu só ganhei um sorriso e mais nada. Nem ao menos um toque. Poderia fazer qualquer comentário, mas nem tive tempo, pois ele foi mais rápido e a tirou para dançar.
Senti-me como se alguém estivesse me colocando para trás e aquilo começou a me trazer uma mistura de tristeza e raiva. Virei o copo de bebida e engoli de uma só vez.
_Oi, gatão..._ senti um beliscão na minha bunda e me deparei com uma velhinha muito serelepe, balançando-se ao som da música._ Não quer dançar?
_..._ eu não sabia como negar-lhe isso, afinal, poderia parecer uma falta de educação.
Olhei para frente e vi que Steven apresentava Daniela para um casal. Será que ela não via que o chefe a estava usando? Me senti na obrigação de tirá-la dessa roubada, mas como?
_Eu estou esperando uma oportunidade de dançar com aquela ali..._ indiquei Daniela para que a senhora a localizasse. _ Mas o pai dela não a larga. Sabe como é... Um cinquentão milhionário, sozinho..._ comentei coçando o queixo._ A senhora podia me ajudar...
A mulher riu e parece que gostou da troca. Tirei-a para dançar e nós ficamos a uma certa distância. Meus olhos se encontraram com os de Daniela e ela me pareceu séria demais. Senti que o que Steven lhe falava no ouvido não lhe agradava. Foi nesse momento que eu entrei em cena e o cutuquei.
_Podemos trocar?_ pedi e ele não gostou nada, mas como cavalheiro cedeu espaço e começou a dançar com a senhora. Daniela em vez de segurar a mão que lhe ofereci passou direto por mim e esbarrou em um outro casal. Pedi desculpa por ela e a consegui alcançar em um corredor paralelo ao corredor. _Espera...
_A festa para mim acabou..._ ela continuou andando rápido, aos pulinhos para se equilibrar no salto._ Me deixa.
_Não..._ puxei-a pelo braço com força e ela me negou os olhos, segurei seu rosto.
_Vou pedir um táxi.
_Eu te levo em casa. O que ele te disse que te fez ficar assim? _ perguntei com vontade de ir até Steven e tirar satisfação._ O que ele te propôs?
_Não foi isso... Ele falou umas coisas.
_Que coisas?!_ perguntei alto, perdendo o controle.
_Tudo foi armado! Tudo!_ ela olhou-me com seus olhos grandes e azuis._ O Guimarães pediu para que eu trabalhasse com ele, porque ele sabia que você acabaria se esbarrando comigo...
Então, ele tentou me ajudar?, pensei comigo, sem interrompê-la.
_E o Steven queria saber se eu ia ainda ficar te esperando porque ele... O que eu estou te fazendo contando essas coisas? _ ela balançou o rosto para os lados e saiu.
Eu fiquei olhando para a parede à minha frente, onde havia um quadro de uma paisagem tropical e tentei digerir aquilo tudo.
Sorri e tive um impulso, corri atrás dela, mas quando a vi, estava entrando em um táxi. Me joguei na frente e fiz sinal com os braços para o motorista, que já xingava todas as minhas gerações.
_Eu já vou levar essa senhora..._ ele não entendeu porque eu estava tentando abrir a porta de trás.
_Destrava essa porta agora!_ ordenei e ele balançou a cabeça para os lados irritado, por fim desistiu e apertou um botão para as portas se abrirem.
Tirei a carteira do bolso e dei dez reais na mão dele:
_Eu fico com a passageira._ expliquei e puxei Daniela pelo braço, que relutou, mas por fim saiu do carro arrastada por mim.
O táxi partiu e ela olhou para os lados, sem saber o que lhe iria acontecer. Pareceu com medo, se desequilibrou do salto e deu dois passos atrás.
_Você está maluco?_ ela tirou o cabelo que estava em seus lábios empurrado pelo vento.
_..._ sorri e me aproximei, senti que eu já não podia mais me conter. _ Fazia um tempo que eu estou louco de vontade de fazer isso..._ beijei-a na boca e a envolvi com meus braços. Ela resistiu um pouco, mas por fim retribuiu-me com carinho e os lábios carnudos me receberam com a vontade que eu desejava._ Passa essa noite comigo?_ falei em seu ouvido, sentindo o perfume do seu pescoço.
_Só essa noite?_ ela riu e chupou o lóbulo da minha orelha esquerda, fazendo todo os meus pêlos se eriçarem.
_Essa e todas as outras._ fui vencido por aquela mulher mais uma vez.
8 comentários:
oiee... cada dia que passa to gostando mais da historia =D
passo aqui todo dia p/ ver se tel algo novo
Prazer Taky em te conhecer. Que bom que vem aqui sempre. Eu gostaria de ter mais tempo para escrever, já me peguei almoçando e escrevendo rsrs... Os personagens é que me usam para escrever. É interessante meu processo criativo. Simplesmente sento e começo a escrever e tudo surge, não tem nenhuma pré-elaboração. Só quando fico muito tempo sem escrever, aí, eu leio vários capítulos e pronto, tudo sai naturalmente. Amo esses meus personagens. Já estava previsto ter acabado a história, mas gostei tanto que prolonguei mais um pouquinho. Um abraço!!!
Que lindo! que lindo!!!!
:-)
Oba! Que bom que ainda não tá acabando! É tão gostoso vir aqui. Mas eu tô ansiosa pelo outro amiga!
BjOs
Uhuuuuuuuuuuuuuuuu
oieeeeeee!!!!!!! essa história está cada dia mais fascinante!! maravilhosa!!!!!!
UAU.... finalmente eles fizeram as pazes :-) Que capítulo bom
Ahhhhhhhhhh Caraaaaaaaaaacolis!!!! \o/ Eli, eu vou te bater quando eu te ver de novo!! Como vc faz isso com o coração da gente!?!?!? Ahhhhhh!!!!! *gritos e mais gritos* \o/
ai, eu vou desmaiar... *e nõ vou conseguir parar de ler, aiaiai, tenho q ir!!!*
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