30.11.06

Capítulo 44: (Ricardo)

Eu não estava com muita vontade de ir à festa que Steven havia me convidado. Em outros tempos seria fora de cogitação, eu preferiria ficar em casa e descansar. Mas existia uma motivação que me fazia cair na dúvida cruel: Daniela iria ou não?

_Fátima?_chamei-a atenção, enquanto a via dar mamadeira para Angélica._ Hoje você vai ficar por aqui? Eu tenho uma festa para ir...

_Posso ficar sim._ ela não se incomodou com a idéia.

_Você sabe se..._ procurei palavras, mas não consegui ser menos objetivo: _ a Daniela vai sair hoje? Porque ela também foi convidada para...

_Você quer saber se ela vai à festa, ou se ela vai com alguém?

_Com quem ela iria?_ franzi a testa e logo me lembrei do tal amigo que chegara a pouco no Brasil.

_Ricardo, eu não sei._ Fátima levantou do sofá e foi levar Angélica para dormir.

Estava querendo restringir-me às informações, deixando claro que não me perdoava por nossa separação.

Na última hora, dei um pulo do sofá e decidi que iria.

Dei a chave para que estacionassem meu carro e subi as escadas do hotel de luxo, onde estava sendo dada a festa. Conferiram meu nome na lista e eu andei pelo salão com as mãos no bolso. Não conhecia ninguém e provavelmente Dani também não, será que isso seria um motivo para ela ficar em casa?

_Ela vem?_ ouvi uma pancadinha no meu braço. Olhei para o lado e logo reconheci pelo inglês Steven. Estava segurando seu copo de bebida, espremido dentro do terno, com sua grande barriga redonda. O pescoço curto parecia sufocado pelo colarinho envolto com uma gravata borboleta. Sua careca molhada de suor ele limpou com um lenço.

_Como está?_ cumprimentei-o e sorri. Peguei um copo de bebida na bandeja do garçom que passou por mim.

_Eu pedi para ela me ajudar aqui com alguma tradução. Mas sabe que não é bem para isso..._ ele falou rápido demais e não pude entendê-lo perfeitamente. Ele chamara Daniela para quê?

_Você está ansioso..._ comentei.

_Amigo, eu não jogo para perder..._ Ele deu uma risada alta e eu saquei tudo por ali, não precisava de tradução, o faro para a concorrência no nosso território é algo que está no instinto animal do homem._ Olha ela ali..._ ele apontou com o dedo indicador da mão que segurava o copo.

Virei-me e meus olhos se encontraram com os de Daniela. Ela estava linda, com um vestido azul piscina combinando com seus olhos. O cabelo quer era liso estava cacheado àquela noite, caindo pelos ombros nus e a boca de um vermelho cereja que me fez sentir o coração disparar.

Steven adiantou-se para cumprimentá-la e eu só ganhei um sorriso e mais nada. Nem ao menos um toque. Poderia fazer qualquer comentário, mas nem tive tempo, pois ele foi mais rápido e a tirou para dançar.

Senti-me como se alguém estivesse me colocando para trás e aquilo começou a me trazer uma mistura de tristeza e raiva. Virei o copo de bebida e engoli de uma só vez.

_Oi, gatão..._ senti um beliscão na minha bunda e me deparei com uma velhinha muito serelepe, balançando-se ao som da música._ Não quer dançar?

_..._ eu não sabia como negar-lhe isso, afinal, poderia parecer uma falta de educação.

Olhei para frente e vi que Steven apresentava Daniela para um casal. Será que ela não via que o chefe a estava usando? Me senti na obrigação de tirá-la dessa roubada, mas como?

_Eu estou esperando uma oportunidade de dançar com aquela ali..._ indiquei Daniela para que a senhora a localizasse. _ Mas o pai dela não a larga. Sabe como é... Um cinquentão milhionário, sozinho..._ comentei coçando o queixo._ A senhora podia me ajudar...

A mulher riu e parece que gostou da troca. Tirei-a para dançar e nós ficamos a uma certa distância. Meus olhos se encontraram com os de Daniela e ela me pareceu séria demais. Senti que o que Steven lhe falava no ouvido não lhe agradava. Foi nesse momento que eu entrei em cena e o cutuquei.

_Podemos trocar?_ pedi e ele não gostou nada, mas como cavalheiro cedeu espaço e começou a dançar com a senhora. Daniela em vez de segurar a mão que lhe ofereci passou direto por mim e esbarrou em um outro casal. Pedi desculpa por ela e a consegui alcançar em um corredor paralelo ao corredor. _Espera...

_A festa para mim acabou..._ ela continuou andando rápido, aos pulinhos para se equilibrar no salto._ Me deixa.
_Não..._ puxei-a pelo braço com força e ela me negou os olhos, segurei seu rosto.
_Vou pedir um táxi.
_Eu te levo em casa. O que ele te disse que te fez ficar assim? _ perguntei com vontade de ir até Steven e tirar satisfação._ O que ele te propôs?
_Não foi isso... Ele falou umas coisas.
_Que coisas?!_ perguntei alto, perdendo o controle.
_Tudo foi armado! Tudo!_ ela olhou-me com seus olhos grandes e azuis._ O Guimarães pediu para que eu trabalhasse com ele, porque ele sabia que você acabaria se esbarrando comigo...
Então, ele tentou me ajudar?, pensei comigo, sem interrompê-la.
_E o Steven queria saber se eu ia ainda ficar te esperando porque ele... O que eu estou te fazendo contando essas coisas? _ ela balançou o rosto para os lados e saiu.

Eu fiquei olhando para a parede à minha frente, onde havia um quadro de uma paisagem tropical e tentei digerir aquilo tudo.

Sorri e tive um impulso, corri atrás dela, mas quando a vi, estava entrando em um táxi. Me joguei na frente e fiz sinal com os braços para o motorista, que já xingava todas as minhas gerações.

_Eu já vou levar essa senhora..._ ele não entendeu porque eu estava tentando abrir a porta de trás.

_Destrava essa porta agora!_ ordenei e ele balançou a cabeça para os lados irritado, por fim desistiu e apertou um botão para as portas se abrirem.

Tirei a carteira do bolso e dei dez reais na mão dele:

_Eu fico com a passageira._ expliquei e puxei Daniela pelo braço, que relutou, mas por fim saiu do carro arrastada por mim.

O táxi partiu e ela olhou para os lados, sem saber o que lhe iria acontecer. Pareceu com medo, se desequilibrou do salto e deu dois passos atrás.

_Você está maluco?_ ela tirou o cabelo que estava em seus lábios empurrado pelo vento.

_..._ sorri e me aproximei, senti que eu já não podia mais me conter. _ Fazia um tempo que eu estou louco de vontade de fazer isso..._ beijei-a na boca e a envolvi com meus braços. Ela resistiu um pouco, mas por fim retribuiu-me com carinho e os lábios carnudos me receberam com a vontade que eu desejava._ Passa essa noite comigo?_ falei em seu ouvido, sentindo o perfume do seu pescoço.

_Só essa noite?_ ela riu e chupou o lóbulo da minha orelha esquerda, fazendo todo os meus pêlos se eriçarem.

_Essa e todas as outras._ fui vencido por aquela mulher mais uma vez.

8 comentários:

Anônimo disse...

oiee... cada dia que passa to gostando mais da historia =D
passo aqui todo dia p/ ver se tel algo novo

Anônimo disse...

Prazer Taky em te conhecer. Que bom que vem aqui sempre. Eu gostaria de ter mais tempo para escrever, já me peguei almoçando e escrevendo rsrs... Os personagens é que me usam para escrever. É interessante meu processo criativo. Simplesmente sento e começo a escrever e tudo surge, não tem nenhuma pré-elaboração. Só quando fico muito tempo sem escrever, aí, eu leio vários capítulos e pronto, tudo sai naturalmente. Amo esses meus personagens. Já estava previsto ter acabado a história, mas gostei tanto que prolonguei mais um pouquinho. Um abraço!!!

Anônimo disse...

Que lindo! que lindo!!!!
:-)

Anônimo disse...

Oba! Que bom que ainda não tá acabando! É tão gostoso vir aqui. Mas eu tô ansiosa pelo outro amiga!
BjOs

Thais Denker disse...

Uhuuuuuuuuuuuuuuuu

Anônimo disse...

oieeeeeee!!!!!!! essa história está cada dia mais fascinante!! maravilhosa!!!!!!

Anônimo disse...

UAU.... finalmente eles fizeram as pazes :-) Que capítulo bom

Anônimo disse...

Ahhhhhhhhhh Caraaaaaaaaaacolis!!!! \o/ Eli, eu vou te bater quando eu te ver de novo!! Como vc faz isso com o coração da gente!?!?!? Ahhhhhh!!!!! *gritos e mais gritos* \o/

ai, eu vou desmaiar... *e nõ vou conseguir parar de ler, aiaiai, tenho q ir!!!*