30.9.06

Capítulo 23: (Daniela)

_Menina, Daniela?!_ Fatinha bateu na porta do quarto. Olhei-a de lado, ainda deitada na cama._ Seu Ricardo disse que vai vir para casa com o amigo dele.
_Guimarães?
_Isso._ ri, isso só podia ser brincadeira. _ Não disse para ele que eu estava aqui né?
_Disse, você não me falou nada que era para...
_Droga, Fatinha!
_Mas Dani, você...
_Tá tudo bem!_ sentei-me e minha cabeça parecia uma caixa de cacos de vidro saculejando._ Eu não quero ficar para esse jantar!
_O que está acontecendo, Dani?_ Fátima sentou-se ao meu lado e mecheu no meu cabelo.
_Deu tudo errado..._ respirei fundo._ Eu fui na casa dele hoje e ele estava com outra mulher...
_Ah! Menina tsi tsi..._ ela ficou desapontada._ E seu Ricardo não deve ter feito por mal. Se ele soubesse não teria convidado...
_Não! Ele nem suspeita. Porque quem estava lá..._ olhei-a nos olhos._ Era Alice se declarando de amores!_ falei com voz de nojo._ Caramba, eu to precisando tomar um bom banho de sal grosso, não é possível!_ levantei-me irada e comecei a andar pelo quarto._ Eles estavam mantendo um caso e ela acha que a filha não é do Ricardo! Tem noção? O Guimarães não acreditou, achou que era chantagem... Mas como eu fico depois de engolir essa?_ coloquei as mãos na cintura esperando alguma reação de Fátima, ela fora minha companheira de ombros nestes últimos meses. Mas parecia não se assustar com nenhuma daquelas notícias._ Você sabia?
_Eu desconfiava...
_Por que não me falou?_ me senti desapontada._ Assim eu não teria bancado o papel de idiota!
_Não foi idiota, você estava feliz e ele também. Não queria estragar sua vida, menina. Eu não tinha certeza.
_É, mas agora eu tenho!_ sentei ao seu lado de novo.
_O que vai fazer? Vai contar tudo para o Ricardo?
_Não sei._ dei de ombros._ É muita ironia do destino._ ri daquela loucura toda.
_Você sabe que vai ter que olhar para os três o jantar inteiro...
_Cara, coitado do Ricardo. Ele tá pagando o corno sem nem saber. Pior que eu estava gostando muito do Guimarães, sabe?
_Sei, eu vi como estava feliz.
Fátima voltou para a cozinha a fim de preparar o jantar e eu tomei um banho, precisava tirar aquela roupa do trabalho e me recompor.
Permaneci reclusa no quarto, até que fosse inevitável ir para a sala. Fátima veio anunciar que todos já estavam tomando drinks. Abri a mala, retirei um vestido vermelho que tinha um tecido amarrotado. Vesti acompanhado de uma sandália alta dourada. Olhei-me no espelho da porta do guarda-roupa. Pintei o olho de preto e a boca de vermelho sangue. Escovei o cabelo e terminei com uma gargantilha de fita preta no pescoço.
A música que já estava tocando enchia a casa com o som de um piano. Alice dançava com Ricardo, enquanto Guimarães sentado, observava os Cds. Ele me encontrou com os olhos e sorriu. Mas não foi com o mesma alegria com que Alice me recebeu. Ricardo fez sinal para eu me aproximar e perguntou se eu era boa de dança.
_Claro!_ sorri e apertei o botão no som. Busquei um CD na estante. Alice resmungou por eu cortar seu barato. A música animada começou a tocar e Ricardo gostou. Puxou a mulher para dançar.
Eu peguei Guimarães pela mão e o fiz colocar a mão na minha perna e ele, tadinho, achou que eu estava fazendo as pazes. Começamos a dançar sensualmente. Alice não conseguia parar de tirar os olhos de nós. Cada vez o ciúme dilatava mais suas pupilas.
Ricardo parou um pouco e pediu licença para subir e trocar de roupa, ele tinha chegado junto com Guimarães da empresa.
_Pronto, o palco está armado._ eu abri os braços e me inclinei para Alice e Guimarães, em sinal de reverência, quando Ricardo já tinha se retirado._ Vocês agora podem dançar juntos. Não vão precisar fingir.
_Do que está falando?_ Alice riu insegura.
_Do que estou falando, querida?!_ cheguei mais perto._ do pai da sua filha e você. Ah, e do panaca do Ricardo, que não está aqui para se defender.
Alice olhou para Guimarães em agonia, pedindo um socorro.
_Como é?_ dirigi-me para ele._ Vai contar para o seu amigo depois da sobremesa que os olhos verdes a menina puxou de você?_ perguntei para Guimarães de braços cruzados._... porque, que eu saiba, na minha família não tinha ninguém assim!_ comentei e ele pareceu cair na real que Alice podia não estar delirando quando lhe contara sua suspeita._ Eu não sei como conseguiram sustentar até aqui, mas deve ter sido excitante a emoção de brincar de pique-esconde.
_Para mim, chega!_ Guimarães pegou o palitó._ Fala para o Ricardo que me chamaram no telefone de emergência.
_Ah! Essa é a desculpa que sempre usaram?_ perguntei irônica.
_Cala a boca!_ Alice estava vermelha de vergonha, levou-o até a porta.
_Ah! Não esqueça o beijinho de boa noite!_ ironizei.
Alice voltou-se para mim e apontou o dedo na minha cara:
_Não ouse abrir a boca.
_Não se preocupe, é você que vai ter que escolher qual dos dois vai querer.
Alice desistiu do jantar e foi para o quarto, logo em seguida, Ricardo chegou com o ar de desolação por terem estragado sua brincadeira. Sua festinha foi colocada abaixo por mim.
_Mas ainda temos nós dois._ peguei duas taças de vinho, caminhei até sua direção e ofereci uma a ele.
Sorri.
Ricardo aceitou e bebeu do meu veneno.

5 comentários:

Anônimo disse...

Li!!! que demais esse capitulo!!! adorei!!! a DAniela está sendo perfeita!! essa Alice tem mais é que se ralar mesmo!!hehehe!!!

Anônimo disse...

RS RS RS RS RS RS :)

Anônimo disse...

menina, isso está ficando bom... mas acho que tem um errinho ali, corrige!

"_Para mim, chega!_ Ricardo Guimarães pegou o palitó._ Fala para o Ricardo que me chamaram no telefone de emergência."

Anônimo disse...

Cheguei aqui através da Gazeta do Blogueiro!!! Adorei! Vou começar a ler agora mesmo!!! Um super beijo pra ti e muito mais sucesso!
Aproveito para convidá-la a visitar meu BLOG: EU E O HIV:Vivendo um dia após o outro... Valeu!!!

Li Mendi disse...

ah valeu pelo toque já vou corrigir. beijocas leitores amados.