13.9.06

Capítulo 17: (Daniela)

Eu esperei com ansiosidade que ele chegasse e entrasse por aquela porta. Desde que me avisaram que Guimarães já havia entrado na empresa, eu não parava quieta. Precisava vê-lo, olhar nos seus olhos e sentir o que de fato estava acontecendo, para que eu pudesse situar meus sentimentos no lugar certo.
_Então, vamos?_ ele entrou com o mesmo olhar frio e imparcial, caminhou para a porta da sua sala e só me restou seguí-lo. Por alguns segundos ainda julguei que pudesse ser só um teatro para que os outros não percebessem. Se bem que, quais outros? A secretária de Ricardo não estava na antesala comigo.
_Eu marquei aquele vôo que pediu e o hotel. Está tudo certo para a reunião.
_Claro._ ele sentou-se do outro lado da mesa, abriu a pasta e apertou a caneta._ Comprou para você também?
_Para mim?..._ franzi a testa e ficou um tom reticente na minha voz.
_É._ ele levantou os olhos e me fitou pela primeira vez._ Você vai comigo.
_Vou?
_E como acha que eu vou me comunicar com ele? Por mímica?
_Ah, claro..._ ri sem graça._ Eu vou ser a tradutora..._falei baixinho._ Obrigada, então, senhor.
Caminhei para porta. Fora só isso: um beijo prostituto, barato, sem sentindo, no meio da noite? Eu sabia que ia me arrepender! E agora? Como ficarei convivendo como uma pessoa que acha que pode me ter quando quer?
Virei às costas e fui à passos firmes até a porta, desejando nunca mais voltar a ter que...
_Dani?_ouvi uma voz atrás de mim._ Espera..._ ele me puxou pela mão e depois me abraçou. Seu sorriso largo e brincalhão me petrificou._Era só para ver sua carinha séria..._ fez carinho no cabelo da minha nuca, enquanto me mantia firme junto ao seu corpo.
_..._ ri indecisa, sem acreditar que..._ Eu pensei...
_Eu já disse para não pensar!_ Guimarães me deu um beijo no pescoço e falou no meu ouvido._ Estamos atrasados para um compromisso sério!
_Estamos?_ sorri.
_É, estamos._ piscou para mim e me deu um leve beijo na boca.Depois foi até a cadeira e pegou o paletó que havia deixado ali._ Tenho algumas coisas que deixei em casa que preciso que olhe para mim, aproveita em vem comigo, almoçamos juntos..._ abriu a porta.
Eu fiquei por alguns segundos parada, tentando achar a linha tênue que separava o profissional do pessoal. Balancei levemente a cabeça para os lados, recompus a postura e tentei não rir. Mas não conseguia atuar tão bem quanto ele. Meu excesso de transparência devia ser meu defeito.
Ele deixou as últimas ordens na empresa, deu tchau para o porteiro e colocou os óculos escuros. Hoje, estava de blusa preta compondo uma aparência obtusa, introspectiva.
Sua casa ficava mais longe do que eu previa, por um lado até pensei que seria bom, ninguém nos reconheceria e estaríamos livres de disfarces. Mas livres para quê, Dani? O que está pensando que vai acontecer?
_O que houve?_ perguntei, quando o carro parou.
_Droga!_ ele abriu o vidro da janela, deixando alguns pingos de água molhar seu rosto._O pneu deu problema..._ voltou a fechar a janela, pois chovia muito.
_Telefona para o seguro... ou
_Logo aqui? A minha casa fica bem ali à duas ruas..._ pensou um momento.Ligou o carro e o levou até o acostamento. Estacionou._ Não vamos ficar aqui ilhados, você tem algum medo de chuva?
_Ãnh?_ quase ri._ Você não está pensando em correr até a sua casa...?
_Então, eu vou._ Ele tirou os sapatos e o paletó. Abriu a porta e caminhou tranqüilo, de baixo de chuva. Eu continuei sentada, atônita, completamente surpresa por ver que não conhecia nem um pouco Guimarães.

Ele parou, virou-se e pôs as mãos na cintura. Depois fez um sinal para que eu fosse logo.
Olhei para minha saia, meu salto, meu cabelo. Ele devia estar louco.

Mas que espécie de garota eu me tornei, hen? Alguns anos atrás eu seria a primeira a correr nua na chuva. Ri, tirei o sapato, larguei a bolsa e os papéis e deixei no carro meu medo de ser feliz. No começo fui encolhida, medrosa, me sentindo ridícula.
Aos poucos senti a liberdade, a chuva, os pés molhados. E lá estava ele na minha frente, sorrindo. Puxou-me e não fiz resistência ao que meu corpo tanto pedia. Beijei-o com a vontade dos amantes.
_Eu quase pensei que teria me molhado à toa, a história do pneu foi tão fraquinha...
_O quê? Então...?_ dei um gritinho e bati no seu braço. Olhei para o carro._ Você vai ver só..._ corri atrás dele e ele adorou a brincadeira. Até que paramos sem fôlego e ele me pegou no colo.
Tudo parecia um conto de fadas. Uma continuidade daquele beijo de ontem só possível nos meus sonhos, mas era real. E eu não queria que acabasse nunca.
Quando chegamos na casa dele, fui obrigada a vestir um roupão e sentamos na sala para tomar café. A empregada cuidou da minha roupa e nós ficamos no aconchegante sofá. Tudo era feito de madeira, com um toque de rusticidade. Nem parecia uma casa na cidade. Era como estar em um
microcosmos isolado.
_Você é muito linda, sabia?_ ele beijou meu pescoço._ Vamos para o quarto?
Eu afastei-o um pouco para que pudesse encará-lo.
_Não..._ deixei a xícara na mesa ao lado do sofá._ Eu acho melhor irmos de vagar...
_Tá..._ ele não pareceu satisfeito, mas acabou acatando.
_Você não disse que tínhamos algumas coisas para ver aqui? Ou isso era mentira também?
_Está me chamando de mentiroso?_ riu e me beijou.
Afastei os fios de cabelo que lhe caiam na testa e sorri.
_Não, infelizmente era verdade!_ ele revirou os olhos._Vou lá pegar.
Eu fiquei ali na sala, medindo meu heroísmo de resistência e calculando se de fato o melhor era fazer a razão prevalecer sobre os instintos...

4 comentários:

Anônimo disse...

AHHHH!!!!!! A DANNY É DEMAIS!!!!!!! QUE LINDA QUE ELA ESTÁ!!!!!! TO FELIZ, FELIZ!!!!! LI, TO ADORANDO OS RUMOS QUE VC TQ DANDO PRA DANI!!! LINDA, LINDA!!! APLAUSOS E MAIS APLAUSOS PRA ELA E PRA VC!!!! TO AMANDO!!!!!!

Anônimo disse...

Amiga, olha só quem voltouuuuuuu!!!

Li tudinho!!! ai to amando !! mais mais mais!!!

Bjão

CA

Anônimo disse...

Putz, amei o capítulo!

Bjks da Tatizinha

Anônimo disse...

Parabéns!
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