8.9.06

Capítulo 15: (Daniela)

Meu emprego no escritório era um pouco monótono, às vezes, muitos papéis, alguns telefonemas, traduções. Só terminava com ânimo quando nós saímos para beber. Hoje, fora a comemoração do aniversário de casamento da secretário do Ricardo. Fomos todos para um bar na rua ao lado do nosso prédio. Ricardo tentou avisar à Alice, mas essa parece ter dado um motivo muito melhor para que ele não fosse. Simplesmente pediu que o amigo dele, o meu patrão, me desse uma carona, na volta. Eu prontamente disse que podia muito bem pegar um táxi. Não que meu salário pudesse bancar estas regalias, só não queria que os dois me olhassem como uma menininha riquinha sem motorista.
_Então, você ficou lá nos Estados Unidos aprendendo inglês..._ Guimarães sentou ao meu lado, no balcão do bar, aproveitando a saída dos nossos amigos, que foram arriscar cantar na máquina de música.
_Você não sabia?_ fiz uma cara de surpresa caricata e ele riu. Que pergunta era aquela? Eu trabalhava para ele!
_Ok. _ Ele levantou as mãos para o alto._ Eu não sou muito bom para puxar assunto..._ fez um sorriso tímido e ficou molhando os dedos enquando acariciava o copo gelado de cerveja.
_Foi legal, mas certas coisas só o Brasil tem.
_Tipo o quê?_ ele me olhou em cheio e se virou para mim com plena disposição em levar a conversa à diante. Era estranho, fora a primeira vez que ele falava comigo sem começar cada frase com um imperativo de ordem de trabalho. Será que ele estava mesmo dando em cima de mim, ou eu confundia as coisas, por causa da bebida?
_Ah! A comida, o clima, o calor humano, os homens...
_Os homens?_ ele deu um sorrisinho de mil interpretações malditas, que eu quis morrer por ter deixado aquilo escapulir.
_Prefiro os brasileiros.
_Que tipo de brasileiros?_ ele acendeu o cigarro e tragou.
_Do tipo dos que não fumam, principalmente.
Ele me olhou por uns segundos, riu, balançou a cabeça para os lados, parecia tramar alguma idéia.
_Vamos embora?_ pediu jogando o cigarro no lixo._ Essa gritaria está chata._ fez uma careta e senti-o superior a todo aquele ambiente.
_Ãnh?
Sua voz grave, seu corpo forte, a gravata solta no pescoço, de repente apreendi todo o quadro num só olhar e aquilo me produziu uma onde de calor. Deus! Nem pensar em tal hipótese, é tão vil e sórdido ser motivo de fofocas, interpretar o papel da secretária que o patrão já experimentou...
_Em que está pensando...?_ele falou mais perto do meu ouvido, agora em pé, atrás de mim. Seu perfume seco, com uma fragância amadeirada._ Eu estou pensando em dar o fora daqui.
_Dar o fora?_ franzi a testa e pendi a cabeça um pouco para o lado._Claro! Você ia me deixar em casa, não quero te atrapalhar..._ levantei e me recompus, vesti o casaco, peguei a bolsa, eu era a secretária e só!
Ele pagou a conta por nós, abriu a porta do carro, fez toda a conversa durante o trajeto ser irresistível, abriu a porta do carro mais uma vez e...
_Obrigada por ter me trazido... Eu..._ fiquei sem saber o que dizer, e ele quieto, ali na calçada da casa de Ricardo. A rua completamente vazia, a lua no céu, um frio que me fazia encolher.
_Você está surpresa... Porque nunca me viu agir assim?_ ele riu e se ele não tivesse toda a maturidade dos seus quarenta eu diria que era o próprio adolescente embarassado diante de uma garota.
_Está escrito na minha testa?_ ri e me encostei no carro, meu corpo dando sinal de que eu não queria entrar.
_Isso e mais outras coisas..._ ele chegou mais perto, mas sem me tocar.
_E sua mulher?_ quebrei todo o clima, antes que eu estragasse completamente meu plano de carreira.
_É só isso que você precisa saber...?_ ele riu e seus olhos ficavam brilhando por causa da luz do poste. _ Ela já é ex...
_Desculpe, é que ela sempre aparece no escritório... E vocês se dão tão bem... Eu pensei que ela podia estar...
_Não não está esperando em casa._ ele segurou o meu rosto com uma das mãos que tinha no bolso, estava quente.
_E você? Tem alguém te esperando em algum lugar?... _ perguntou agora parecendo "que era só isso que precisava saber".
_Eu não estou gostando disso... Dessas perguntas, desse seu jeito, de..._ comecei a falar coisa com coisa, com medo, ao mesmo tempo com um frio enorme na barriga.
_Você quer que eu seja claro?_perguntou, agora sem paciência para joguinhos.
_É, quero!_ falei com voz firme e séria. Cruzei os braços.
_Então, é isso..._ Ele me puxou, colocou a mão na minha nuca e me beijou com a boca de desejo, me segurou firme e carinhoso. Ninguém podia ver, mas era como se o mundo todo estivesse ali olhando eu cometer aquela infração gravíssima. Puxei-o para perto e beijei com vontade, sentindo a língua, as mãos, o cheiro, a sua masculinidade toda viva. E não sei se foi por carência, pelo sabor do risco, pelo querer e não poder, só sei que era embriagante.
_..._ Guimarães afastou-se algum tempo depois, ainda me abraçando._ Não diz nada, tá? Senão, estraga. _beijou-me de leve a boca, com um carinho que há tantos anos eu não sentia..._ Boa noite..._ me soltou.
_..._ eu fiquei ali parada, vendo-o entrar no carro e partir.
_Daniela! A sua vida não vai ser mais a mesma a partir de agora!_ briguei comigo mesma, enquanto caminhava pelo jardim. _Você é insana! Você não bate bem!_ sorri, depois ri, tirei os sapatos e andei saltitante._ Eu sei que você vai se arrepender..._ ri mais alto.

4 comentários:

Limendi disse...

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Anônimo disse...

vou lá votar em voce!!! adoro essa sua estoria! bjos e boa sorte!

Anônimo disse...

Adorei Li... Tô ansiosa para o próximo capítulo!

Bjks

Anônimo disse...

LI, como sempre ta ótimo seu livro!!! gostei muito!!!! e agora, o que vai acontecer com a Daniela / que aflição!!!