23.8.06

Capítulo 11: (Daniela)

_ Ricardo, eu não quero mais falar sobre isso. Você não vê que já estou bastante machucada?_ perguntei.
_Eu sei, precisa fazer um curativo...
_Não! Estou falando machucada por dentro!_ cortei-o impaciente.
_Bom, então, acho melhor deixá-la sozinha. Eu vou para o trabalho.
_Pode me dar uma carona?_ pedi.
_Você vai querer trabalhar assim?_olhou-me de baixo a cima.
_Não assim, preciso de cinco minutos. Me espera no carro._ pedi, me vendo tão horroroza no reflexo do vidro da janela. Fechei os olhos. Pus as mãos abaixo da minha nuca. Respirei fundo.
_Ok_ ele se retirou.
Entrei no banheiro e lavei o rosto. As lágrimas não paravam de cair, eu estava sem controle nenhum. As mãos levemente trêmulas ainda conseguiram passar um pó compacto no rosto vermelho.
A que chegou no carro era apenas um corpo ambulante, eu mesma não estava em mim. Não conseguia prestar a menor atenção na conversa que Ricardo tentava travar para amenizar o clima. Olhei para frente sem prestar atenção no caminho.
Chegando na empresa, entreguei os relatórios para meu chefe, que me olhou por trás do rosto de seriedade que eu tentava manter a todo custo:
_Acho que deveria ir para casa. Você tem que ser a imagem da empresa, eu sou a empresa e não quero que eu seja represantado por esse rosto de desterro._ falou secamente.
_Eu posso perfeitamente ficar.
_E eu posso perfeitamente querer que não fique._ consertou ríspido._ Me passe para o Ricardo e depois pode ir.
Eu sentei, sentindo meu corpo pesado. Achei aquilo estranho. Passei o telefone, mas não desliguei imediatamente para confirmar minha surpresa:
_Ricardo?! Oi, rapaz!_ ouvi a voz dele comprimentando meu cunhado._ Fiz tudo como me pediu.
_Obrigado, as coisas saíram do controle. Mas ela ficará bem.
_E você? Por que não tira também um dia de folga? Eu toco as coisas por aqui.
_Não posso, eu tenho muito trabalho e no mais não quero enfrentar aquele clima que está na minha casa. Eu já não tenho nem mais vontade de voltar para lá... Depois a gente conversa...
Eu desliguei lentamente o telefone, para que não percebessem que eu ouvira tudo.
Recolhi minhas coisas e vaguei pela rua. Estava um sol vacilante, sem muita força, naquela manhã. Sentei em um banco na praça. Algumas crianças brincavam na gangorra. Os risos enchiam o ar de uma doce alegria, que eu tanto queria de volta para mim.
Lembrei de Marcos, nos Estados Unidos, talvez tivesse sido melhor tentar continuar lá, clandestinamente. Logo a briga de manhã me veio a mente, uma vontade de chorar chegou à tona com algumas lágrimas, que heroicamente não deixei cair.
Entre as piores hipóteses, existia aquela: voltar para casa. Chegando lá, deitei na cama de sapato e tudo. Fátima olhou-me de canto de olho, sentou na cama da frente:
_As coisas não vão bem para você faz tempo, né, menina?_ sua voz era tão acolhedora.
_..._ sorri e olhei para o chão.
_Mas nada é a toa. Nada. Você precisava vir para cá...
_Eu não tive muita opção._ dei de ombros.
_Momentos muito bons virão depois disso tudo._ ela levantou-se e afastou meu cabelo do rosto._ Nós estávamos esperando por você faz tanto tempo._ aquilo me pareceu místico.
_ Por quê?_ perguntei.
_Porque as pessoas atravessam o caminho uma das outras com algum motivo.
_Espero que o meu seja bom._ ri irônica.
_Descansa._ ela fechou a porta.

_Fátimaaaaa._ ouvi um berro vindo do andar de cima e em poucos minutos Fátima apareceu na porta outra vez._ Daniela, não sabe o que aconteceu!_ estava assustada e nervosa.
_ O quê?_ sentei-me.
_A sua irmã está lá no quarto chorando, está tudo sangrando e...
Nem esperei ela terminar, corri até o andar de cima e entrei no quarto quase na velocidade do pensamento.
Ela olhou-me nos olhos e vi suas mãos sujas de sangue.
_O que está acontecendo?_ perguntou em pânico.
_Não se preocupe, tudo ficará bem._ tranqüilizei-a._ Fátima, ajude-a a tirar essa roupa._ ordenei._ peguei o telefone na cabeceira da cama e fui até o corredor._ Ricardo, alô? A sua mulher está perdendo o bebê.
_Quê?

8 comentários:

Anônimo disse...

Noooosssssaaaaaa... que confusão vai dar isso...
Parabens pelo livro online!! é viciante!!!
bjos!

Cris disse...

Nossa, Eliane, que delicia e ler o seu livro online. Parabens!
Beijo.

Anônimo disse...

Essa Alice eh a amargura em pessoa, heeein! caracas... Agora vamos ver no que vai dar... tô adoraaando! Já virei leitora oficial do seu bolg, vc sabe, né?!
Beijo, Li!

Anônimo disse...

Li, seu livro está surpreendente!!!! estou adorando!! maravilhso mesmo!!!!!!!! to amando o livro!!! bjus

Anônimo disse...

Gosteiii

Anônimo disse...

Gosteiii

Anônimo disse...

Li!!! Estou a-m-a-n-d-o seu livro! Parabéns!

Anônimo disse...

OBRIGADA QUERIDAS!!!!!!!
EU ESCREVO POR AMOR A VOCÊS!
BEIJOS!!!!!!!!!