26.11.06

Capítulo 43: (Daniela)

_Um brinde ao sucesso do nosso acordo!_ Steven levantou a taça no ar motivando a mim e Ricardo a fazer o mesmo. Nós tínhamos realmente conseguido uma ótima negociação com uma grande empresa de jornal para que ela comprasse o papel das fábricas para qual ele trabalhava.

Depois da reunião cansativa e desgastante a que nós nos submetemos, foi muito merecido o almoço.

Ele pediu licença para ir ao banheiro e Ricardo e eu ficamos sozinhos à mesa. Um silêncio muito desconfortável entre nós pairou no ar. Aquele clima incômodo. Nem tinha como me concentrar na comida, porque já havíamos terminado. Passei o dedo no copo suado pelo gelo e guardei um meio sorriso nos lábios.

Meu telefone tocou, naquele momento em que eu torcia para ser salva pelo gongo.

_Alô, Marcos?_ reconheci o número no identificador. Ele perguntou se eu tinha a tarde livre. Aquela resposta era complexa. Se eu respondesse que sim, Ricardo subentenderia que eu estava sendo muito rápida em fazer a fila andar. Se eu negasse, poderia achar que eu ainda estava ali sofrendo e me lastimando por tudo que ocorrera, como se ele fosse a mola motriz da minha existência. Por outro lado, se eu parecesse estar marcando qualquer encontro, ao mesmo tempo, estaria dando um passo atrás em qualquer possibilidade de me reconciliar com ele. Sendo que valia a pena eu deixar de encontrar meu amigo por alguém que eu não sabia mais medir as reações?

Salva pelo gongo pela segunda vez. Steven chegou e eu dei uma desculpa para Marcos de que estava no trabalho e que logo retornaria. Ah! Que ótimo, agora sim ficara claro que eu estava fugindo de Marcos. Ai, eu tenho que parar com essa paranóia de ficar calculando o que Ricardo iria pensar.

_Eu vou aproveitar e vou ao banheiro também._ Ricardo levantou-se e eu não perdi a chance e num impulso pedi licença para Steven e retornei para o número do Marcos.

Perguntei se ele poderia pegar o carro do irmão para vir me buscar, já que sua casa era muito perto dali. Passei-lhe, então, o endereço do restaurante, muito conhecido no centro da cidade. Antes que Ricardo se aproximasse da mesa de volta, desliguei.

_Bom, eu não quero ocupar muito os dois, já que eu prometi dar a tarde livre para vocês, mas eu esqueci de dizer que teremos uma festa para ir e eu preciso da minha tradutora..._ sorriu para mim, já meio alto com a bebida._ E quero que você vá como meu convidado. Pode levar sua esposa também..._ ele reparou na aliança ainda no dedo de Ricardo.

Ricardo abaixou os olhos e se restringiu a sorrir. Perguntei sobre o que era a festa e ele disse que seria em um hotel de luxo para grandes empresários, enfim, queria na verdade era companhia, para não se sentir perdido.

Ricardo e eu em uma festa de gala? Era impressão minha, coisa da minha cabeça, ou o destino estava querendo nos unir outra vez?
Peguei minha bolsa e despedi-me.

_Dani...Daniela?_ a voz de Ricardo atrás de mim me fez virar. _Esperando um táxi?

Será que ele quis fazer a pergunta: “esperando alguém?”
_Não..._ traguei o cigarro entre os meus dedos.
_Você agora está fumando?
_E você agora está se preocupando comigo?_ rebati.
_Só nunca te vi fumar...
_É. Eu fumava. Parei. Voltei.
_Não faz bem.
_Tem muitas outras coisas que também não fazem bem._ dei outra tragada.

Ele me olhou por uns segundos e depois se lembrou de o porquê haver me chamado.
_Eu queria te agradecer por ter me ajudado com minha filha, eu não sabia como agir.
_Tudo bem, eu fiz por ela._ falei secamente.
_Claro..._ ele olhou para mim e percebi que estava assombrado, não me reconhecendo.
_Como está Alice?
_Está bem. Quero dizer, estável...
_Eu não sei como isso foi nos acontecer...
_Isso o quê?_ ele perguntou, acho que querendo saber se eu me referia a nós dois ou ao acidente de Alice, na verdade eu falara mesmo da minha irmã.

_Dani?!_ ouvi uma voz me gritando. Olhei para lado e Marcos veio correndo para me abraçar, feito um adolescente maluco. Eu ri. _Oh, meu Deus, que maravilha, hen?!_ me olhou galanteador.

_Deixa eu te apresentar, esse aqui é o...

_Esse eu conheço, é seu cunhado. Ele não sabia onde você morava..._ Marcos jogava com as palavras e as oportunidades como um mestre no pôquer da vida.

_Bom, eu não quero atrapalhar o reencontro de vocês._ Ricardo usou uma certa ironia na voz e apertou o chaveiro para o carro abrir.

_Eu disse alguma coisa que ele não gostou?_ Marcos percebeu.

_Deixa para lá..._ pedi e o olhei direito. Estava forte, malhado, bronzeado, um galã de hollywoodiano, como sempre fora. Acho que minha tarde seria muito prazerosa.

Entrei no carro e tudo que eu conseguia pensar, enquanto Marcos me contava os motivos da sua volta ao Brasil, era o que Ricardo estava achando do que vira. Será que eu lhe incomodara com a presença do meu amigo? Eu esperava que sim, afinal, nada seria mais insuportável que a sua indiferença. Pena que o poder de ler a mente dele eu não tinha.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, muito bom!!! acho que todo mundo faz isso... fica pensando no que a outra pessoa está pensando de todos os nossos movimentos...
Estou louca pra ver o capítulo do Ricardo falando sobre esse encontro Dani-Marcos.

Anônimo disse...

Eu também penso as vezes... penso até demais... chega ao ponto de mudar minha atitude por isso...
outras não to nem aí... sou meio de fases...
Agora sabe o que me pergunto, se assim como Daniela o Ricardo também não fica assim...rs
Beijos querida leitora!!!

Thais Denker disse...

Paixão...tem dessas coisas, sempre agimos para o outro e nunca para nós! Estou curiosíssima!

Anônimo disse...

Nossa mente é uma expert em curiosidade... Tanto a Dani quanto o Ricardo deviam se precaver mais com suas mentes... Aliás essa é uma das funções da mente... Fazer-nos pensar tanto que vivemos em uma completa ilusão de achismos, e esquecemos de ver a realidade... Que venha o próximo capítulo!!!

Anônimo disse...

Oi Eliane,

Estou aqui ansiosa pra saber se a Dani e o Ricardo vão se entender... Todo dia olho meu bloglines pra ver se vc já escreveu outro capítulo ;-)

Anônimo disse...

Eliiiiii!!!!!! É tão tão tão empolgante!!! Eu consigo ver as cenas se apssando na minha cabeça, nitidamente!!! \o/

Cara, eu tava pensando em transformar seu livro em um filme amador, que acha? uahahahaha Ia ficar linnnnnnnnnnndo!!! Quero dizer, considerando os recursos, neh? rsss... aiaiaiaiai!!! Só mais um capítulo por hoje, senão, não durmo!!!!!! \o/