18.11.06

Capítulo 40: (Ricardo)

O álcool me tirou a força das pernas, a sobriedade da cabeça, que mais parecia uma caixa de vidros quebrados chaqualhando. Fiz uma careta de dor, deitei no sofá, recostado entre almofadas e me veio aquele rosto inimigo à mente. Não podia esquecer o homem que batera à minha porta essa manhã, quando eu já me preparava para sair para o trabalho.

Vestia um jeans e uma camiseta que mostrava o braço tatuado com um símbolo japonês. Perguntei-lhe um tanto curioso o que queria e a reposta que obtive me fechou o sorriso na cara e a receptividade do meu coração:

_Não, ela não mora mais aqui._ informei-lhe rispidamente, assim que entendi que ele vinha procurar por sua “muito amiga Daniela”. Não se deu por vencido e me lembrou ser eu o cunhado._ Não sei para onde ela foi. Agora, você me dá licença que eu estou atrasado...

_Mas eu preciso muito encontrá-la. Cheguei dos Estados Unidos essa semana._ aquela identificação me fez cair à ficha. Então, era dele de que me falou certa vez? _Não é possível que tenha nada? _insistiu_ Telefone, alguém que possa saber...

_Não, ninguém sabe!_ alterei minha voz, de fato irritado com a insistência em me fazer parecer uma pessoa egoísta e mal educada por não ajudá-lo.

_Desculpem por ter ouvido a conversa, mas eu sei onde ela está._ ouvi Fátima atrás de mim.

_Jura?_ os olhos dele se iluminaram como alguém que vê uma luz finalmente no túnel._ Por favor, me dê, eu quero encontrá-la de qualquer jeito..._ riu alto._ Eu sabia que ia conseguir! Diz para ela que é o Marcos, ela vai lembrar na hora._ comemorou como se ganhasse o bilhete da sorte, quando Fátima lhe passou um papel para que anotasse seu telefone e assim Daniela pudesse marcar para vê-lo.

Quando se foi, dado por satisfeito com o sucesso da busca, eu repreendi Fátima por ter fornecido informação a um suspeito, afinal, nada garantia que era uma pessoa confiável.

_Ricardo, você não se preocupou nem um pouco em impedir que a Daniela fosse embora, por que agora está interessado no que esse homem pode fazer com ela?_ respondeu com uma pergunta, que preferi deixar em aberto e fui trabalhar.

Agora o rosto daquele homem me vinha à cabeça como um fantasma. Eu podia esticar o braço e ligar para Daniela, só para ouvir sua voz e me sentir bem, para eu ver que a vida tem algum sentindo. Era uma idéia apenas, vontade sem força. Eu não tinha o papel, estava com ele, com esse intruso que reapareceu. Só Fátima sabia onde Daniela se encontrava, ela e o outro.


Ah! Esse outro.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eliane, muito bom!!!! Ricardo está doente de ciumes!! tomara que ele faca alguma coisa a respeito!!!
Parabens! beijos!

Anônimo disse...

eu também acho. nesse caso, o problema todo do Ricardo é que ele pensa que a Dani ficaria sofrendo, sofrendo e quando ELE quisesse ela voltaria. Muitos homens são assim, não descem do pedestal. Mas vamos ver até onde ele aguenta,né? Beijinhos minha leitora querida!

Anônimo disse...

De fato, o orgulho é a maior demonstração de insegurança... O ser humano é engraçado... Nascemos para ser felizes e fazemos de tudo para sermos infelizes... durma-se com um barulho desses... Mas como disse a autora, vamos ver até onde vai esse orgulho besta...